Centro Cultural São Paulo

04 maio 2017
18:00
São Paulo – SP

Release

Cine sin limites: Claudio Caldini, Jorge Honik e Narcisa Hirsch

De 04/05 a 14/05

Entre o final dos anos 60 e o início dos anos 80, um grupo de cineastas argentinos se reunia regularmente para compartilhar seus filmes. Eles filmavam principalmente em 8 mm e Super-8 e foram influenciados pelo cinema experimental de artistas como Michael Snow e Werner Nekes. Três deles são figuras chaves desse movimento que deu forma ao cinema experimental argentino. Claudio Caldini é um teórico e artista que cria imagens de beleza extraordinária, procurando extravasar as limitações da consciência humana, ao conectar-se com o mundo natural ao seu redor. Jorge Honik, renomado escritor e teatrólogo, apesar de possuir uma singela obra cinematográfica, compõe inspiradas crônicas fílmicas, esteticamente livres e divertidas. A imigrante alemã Narcisa Hirsch apresenta um estilo muito pessoal, compartilhando suas próprias inquietudes com o público, através de breves autobiografias que jogam com o limite entre realidade e ficção.

A mostra Cine sin limites: Claudio Caldini, Jorge Honik e Narcisa Hirsch terá projeções em Super-8 e digital. As cópias foram fornecidas pelos cineastas, com exceção das novas versões digitais dos filmes de Caldini e Honik que foram cedidas pelo selo antennae collection. A mostra trará para São Paulo os três cineastas e Daniela Muttis – assistente de Hirsch e montadora de alguns de seus filmes. Acompanhando a história do cinema experimental na Argentina, também serão apresentados sete filmes de outros cineastas que dialogam com as obras desses artistas.

A mostra é uma realização do Centro Cultural São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, com curadoria e produção de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

*VALORES:
INTEIRA = R$ 4,00
MEIA = R$ 2,00
*Toda terça, quarta, quinta e sexta-feira todos os clientes pagam o valor da meia-entrada, sem necessidade de comprovação do benefício para as duas primeiras sessões do dia.

Programação:

Quinta, 4 de maio:
20h – Programa Caldini 1
conversa com o cineasta após a sessão

Sexta, 5 de maio:
18h – Programa Honik 1
conversa com o cineasta após a sessão
20h – Programa Hirsch 1
conversa com a cineasta após a sessão

Sábado, 6 de maio:
16h – Programa Hirsch 2
conversa com a cineasta após a sessão
18h – Programa Caldini 2 (Super-8)
20h – Programa Caldini 3 (Super-8)

Domingo, 7 de maio:
18h – Programa Honik 2 (Super-8)
20h – Debate entre Caldini, Hirsch e Honik, com moderação de Aaron Cutler

Terça, 9 de maio:
18h – Programa Hirsch 3
20h – Programa Caldini 4

Quarta, 10 de maio:
18h – Programa Hirsch 4
20h – Programa Honik 1

Quinta, 11 de maio:
18h – Programa Hirsch 1
20h – Programa Honik 3 (sonoro)
conversa com o cineasta após a sessão

Sexta, 12 de maio:
18h – Programa Caldini 4
20h – Programa Hirsch 2

Sábado, 13 de maio:
18h – Programa Hirsch 3
20h – Programa Honik 3 (mudo)

Domingo, 14 de maio:
18h – Programa Hirsch 4
20h – Programa Caldini 1

Sinopses:

Caldini – Programa 1 (Digital, 75min):
Ao retornar de uma longa viagem durante a qual viveu na Espanha e Índia, Caldini amadureceu sua estética cinematográfica, convergindo de explorações técnicas da imagem em movimento à reflexão espiritual, através de imagens da natureza e de objetos simbólicos que refletem sua própria percepção. Em Barcelona o artista registrou o Park Güell de Antoni Gaudí projetando-o como labirintos e explosões de mosaicos através de uma fratura análoga da temporalidade linear. Em Ventana camadas de imagens são sobrepostas pelo ato de filmar e refilmar o mesmo rolo de Single-8. Em Aspiraciones, o ritmo pausado da respiração define o ritmo análogo na imagem que projeta a fuga da chama de uma vela para o infinito obscuro do quadro cinematográfico. O programa conclui com o registro, filmado em São Paulo, de um recital solo das danças espontâneas de Rolf Gelewski.

Film-Gaudí (1975, 6min)
Ventana (1975, 5in)
Baltazar (1975, 4min)
Aspiraciones (1976, 7min)
Cuarteto (1978, 21min)
Un enano en el jardín (1981, 13min)
Templo cerrado (1982, 3min)
Rolf Gelewski, spiritual dancer (1982/2016, 16min)

Caldini – Programa 2 (Super-8, 79min):
Seis filmes, todos em suas versões originais em Super-8, exploram os limites da percepção. Vadi-Samvadi são as notas predominantes em uma melodia indiana. No filme, imagens de plantas e de uma pequena máquina a vapor vibram intensamente e são acompanhadas pela música indiana, simulando um processo sinestésico. Em Gamelan, o registro do movimento da câmera que gira em sentido anti-horário, cria imagens distorcidas de uma paisagem bucólica e é acompanhado pela música minimalista de Steve Reich. Em A través de las ruínas, imagens noturnas, registradas em limiares de exposição foram captadas afim de emular uma visão tátil, subconsciente.

Límite (1970, 17min)
Cuarteto (1978, 20min)
Vadi-Samvadi (1981, 7min)
Gamelan (1981, 12min)
A través de las ruinas (1982, 7min)
Rolf Gelewski, spiritual dancer (1982/2016, 16min)

Caldini – Programa 3 (Super-8, 75min):
Jornadas de cine con Werner Nekes é um registro de 1980 do Seminario de Cinema Experimental organizado pelo Goethe-Institut com o cineasta alemão Werner Nekes. El devenir de las piedras agrega três episódios de “filmes para música”, com trilha sonora composta pelo próprio cineasta. Sin Título (2007) é um poema visual haicai sobre a brincadeira entre um pássaro e um cachorro. Sin Título (2015) registra a beleza involuntária da arquitetura em ruinas. Todos os filmes de Caldini serão projetados em Super-8 e três filmes em digital selecionados por Caldini, de jovens cineastas argentinos experimentais, também compõe a sessão.

Jornadas de cine con Werner Nekes (1980, 14min)
El devenir de las piedras (1988, 14min)
Sin Título (2007, 3min)
Sin Título (2015, 6min)
LUX TAAL (2009, 12min)
Denkbilder (dir. Pablo Marín, 2013, 5min) (digital)
Espectro (dir. Sergio Subero, 2010, 9min) (digital)
El Quilpo sueña cataratas (dir. Pablo Mazzolo, 2012, 12min) (digital)

Caldini – Programa 4 (Digital, 73min):
Em La escena circular, as silhuetas de um casal diante de uma janela sugerem uma síntese do espaço cinematográfico e da universalidade de suas figuras. A câmera chama atenção para momentos, gestos e ações – o cinema redescoberto como máquina de memória afetiva. Em Ofrenda, um ciclo culminante de margaridas descreve o que é indeterminado e fortuito na captura de uma sequencia de imagens. Heliografía convida o espectador para um passeio psicodélico de bicicleta que se transforma em uma reflexão sobre o ser visível e o ato de ver. O programa termina com um ensaio audiovisual em memória de Tomás Sinovcic, cineasta argentino sequestrado e assassinado pela ditadura militar argentina em 1976.

Gamelan (1981, 12min)
Vadi-Samvadi (1981, 7min)
La escena circular (1982, 8min)
A través de las ruínas (1982, 9min)
Ofrenda (1978, 5min)
Consecuencia (1992, 3min)
Heliografia (1993, 6min)
Prisma (2005, 6min)
Deadline (2015, 1min)
Un nuevo día (2016, 16min)

Honik – Programa 1 (Digital, 55min):
Quatro filmes de cineastas argentinos de diferentes gerações antecedem a estreia mundial de Elementos de Jorge Honik – seu primeiro filme após um intervalo de mais de trinta anos. O surrealista Traum é considerado o primeiro filme experimental da Argentina. Ideítas é uma animação desenhada diretamente sobre a película de um filme subexposto. Sin título mescla interferências químicas e ranhuras sobre a película, criando um efeito de cores e luz surpreendente. Em Resistfilm, imagens caleidoscópicas são construídas dentro da câmera ao isolar partes da lente e refilmar a mesma película. Elementos – o primeiro trabalho de Honik em vídeo – é um ensaio sobre os elementos que conformam o material e o imaterial do mundo. Segundo o cineasta, “É apenas uma tentativa visual de opor a realidade tangível contra esta outra, imaterial e mesmo imutável, das ideias”.

Traum (dir. Horacio Coppola e Walter Auerbach, 1933, 3min)
Ideítas (dir. Victor Iturralde Rúa, 1952, 1min)
Sin título (dir. Gabriel Romano, 1982, 2min
Resistfilm (dir. Pablo Marín, 2014, 14min)
Elementos (2017, 35min) (estreia mundial)

Honik – Programa 2 (Super-8, 72min):
La mirada errante (I) e La mirada errante (II) serão projetados simultaneamente em Super-8. Um deles é uma colagem de imagens filmadas no Magrebe e na Patagônia, enquanto o outro é um registro nervoso e descuidado de uma viagem à Índia e ao Nepal no começo dos anos 70. O afeto sincrônico de ambas as projeções não é premeditado, segue um padrão de aleatoriedade. Em Nubes, nuvens filmadas no oásis de Tabount em Marrocos criam formas que se diluem rapidamente com a velocidade do vento, antecipando uma tempestade de areia no deserto. Recortes de revistas encontradas por acaso são a base da animação Komik que propõe um jogo com a infinita quantidade de signos visuais que aparecem diariamente ao caminhar pelas cidades. El inmortal se baseia no conto homônimo de Jorge Luis Borges e relata, através de um redemoinho de imagens elusivas, a longa viagem do protagonista em busca da secreta Cidade dos Imortais.

La mirada errante (I) (1970, 22min) + La mirada errante (II) (1970, 20min) (projeção dupla, 25min total)
Gaudí asesinado por un tranvia (1968, 4min)
Nubes (1969, 4min)
Komik (1969, 3min)
Un paseo (1969, 4min)
El inmortal (1970, 12min)
Passacaglia y fuga (1975, 20min)

Honik – Programa 3 (Digital, 62min):
Gaudí asesinado por un tranvia confronta imagens da Igreja Sagrada Família de Antoni Gaudí com imagens de zonas industriais. Em Un paseo, breves exercícios de animação desenham a figura de uma contempladora descobrindo com assombro as paisagens de sonhos que a rodeiam, enquanto percorre os campos de trigo e descansa nos rostos dos habitantes de uma pequena aldeia do Marrocos. India—Nepal é um registro de impressões fugazes de rostos, paisagens, templos, pessoas e coisas, durante uma viagem à Índia e ao Nepal no começo dos anos 70. Rodado praticamente todo no interior de uma casa em Bariloche, Passacaglia y fuga explora móveis, cantos, objetos e livros da casa que vibra com vida própria, revelando pegadas e vestígios quase fantasmagóricos, enquanto a presença humana é apenas sugerida. O programa passará duas vezes – a primeira com músicas escolhidas pelo cineasta, e a segunda, em silencio.

La mirada errante (I) (1970, 22min)
Gaudí asesinado por un tranvia (1968, 3min)
Nubes (1969, 3min)
Komik (1969, 2min)
Un paseo (1969, 3min)
India-Nepal (1971, 10min)
Passacaglia y fuga (1975, 19min)

Hirsch – Program 1 (Digital, 72min):
A música de Steve Reich que dá nome ao filme Come Out consiste em uma frase que vai se defasando eletronicamente. O filme começa com uma imagem desfocada que muito lentamente entra em foco, enquanto o som realiza o movimento inverso. Em Taller, uma imagem fixa da parede de um quarto é acompanhada pela voz da artista que descreve para um amigo o que ela vê e o que não enxergamos. A vida interior de Testamento y vida interior é um lugar por onde a câmera passeia muito lentamente. O testamento são os amigos de cinema que carregam um caixão pela cidade e depois pela Patagônia nevada. Inscripciones procura dizer algo sobre o nascimento da linguagem, do texto, da palavra, e trata de abordar a necessidade, inerente ao homem, de construção de sentido frente à invisibilidade existencial.

Come Out (1971, 12min)
Taller (1971, 11min, versão em espanhol)
Manzanas (1973, 5min)
Aigokeros (1979, 13min)
La velocidad del tiempo (2012, 1min)
Testamento y vida interior (1977, 11min)
Inscripciones (2015, 19min)

Hirsch – Program 2 (Digital, 67min):
Marabunta é um registro audio-visual do happening de mesmo nome protagonizado por Hirsch, Marie Louise Alemann e Walther Mejía. O happening foi uma cerimônia antropofágica coletiva em torno de um esqueleto de seis metros de comprimento, coberto de comidas e recheado de pombas vivas que eram libertadas conforme as pessoas se alimentavam. La noche bengali é um documentário poético sobre o seminário do cineasta experimental alemão Werner Nekes realizado em Buenos Aires em 1980 pelo Goethe-Institut local. Em A-Dios, um homem volta da guerra vencido - é o fim das batalhas e das ideologias.

El erotismo del tiempo (2006, 1min)
Marabunta (1967, 8min)
La noche bengalí (1980, 7min)
Ama-Zona (1983, 11min)
Celebración (2007, 5min)
Canciones Napolitanas (1971, 11min)
A-Dios (1989, 22min)
Aleph (2005, 2min)

Hirsch – Program 3 (Digital, 68min):
Em Patagonia a câmera observa de perto os pastos patagônicos e em seguida a face de camponeses em um armazém. Tudo é filtrado por uma luz de cor âmbar. Em Pink Freud, um homem atarefado classifica bonequinhos de plástico em um quarto, enquanto uma mulher jovem dorme no sofá. Mujeres mostra mulheres em distintas situações de vida e, ocasionalmente, homens sozinhos assumindo funções diferentes como um atleta de esqui, um músico e um juiz.

Patagonia (1976, 10min)
Workshop (1976/77, 11min, versão em inglês)
Pink Freud (1973, 9min)
Bebes (1974, 13min)
Mujeres (1970/85, 25min)

Hirsch – Program 4 (Digital, 66min):
Aída registra uma dança realizada pela bailarina Aída Laib no ateliê de Hirsch. Em Descendencia, filmes caseiros de festas familiares das gerações passadas da artista são intercalados com imagens em close-up dos membros da nova geração. Patagonia é um documentário com paisagens áridas, a fauna local, camponeses, vaqueiros, agricultores e comerciantes, que compõe belas imagens bucólicas. Rumi é uma interpretação dos textos do poeta persa através de imagens da natureza e de um dançarino sufi.

Aída (1976, 7min)
Descendencia (1973, 13min)
Patagonia (1977, 18min)
Rumi (1995/99, 28min)

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