Teatro Ipanema

15 mar 2018
21:30
Rio de Janeiro – RJ

Release

Gabriel Villela comemorando o aniversário de 50 anos de nosso icônico Teatro Ipanema com sua belíssima (re)montagem de
HOJE É DIA DE ROCK, de Zé Vicente.

ÚLTIMA SEMANA - só mais 05(cinco) apresentações
15 a 19 de março de 2018 no TEATRO IPANEMA
quintas a segundas-feiras às 20h30
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Critíca de Mauro Ferreira do
Portal de Notícias G1 da Rede Globo

Em 1971, ano da encenação consagradora de Hoje é dia de rock no Teatro Ipanema, palco carioca da contracultura, Milton "Bituca" Nascimento já era um dos grandes compositores do Brasil. Mas ainda não tinha lançado a maioria das músicas que norteiam a atual remontagem do texto teatral, escrito pelo dramaturgo mineiro José Vicente (1945 - 2007) em uma época em que o mundo ainda alimentava um ideal humanitário, hippie. Contudo, é a música de Milton, o mais mineiro dos compositores nascidos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), que ajuda a dar sentido à releitura onírica de Hoje é dia de rock pelo diretor (também) mineiro Gabriel Villela com o elenco do Teatro de Comédia do Paraná (TCP), companhia fundada em 1963.

Com o tom barroco e as cores vivas recorrentes nas encenações de GABRIEL VILLELA, a atual abordagem de Hoje é dia de rock estreou em Curitiba (PR) em 2017, passou por São Paulo (SP) e chegou no último fim de semana à cidade do Rio de Janeiro (RJ), no mesmo e já mítico palco do Teatro Ipanema, onde ficará em cartaz, de quinta-feira à segunda-feira, até 19 de março de 2018. Não por acaso, San Vicente(Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972) abre a encenação na voz do afinado elenco.
Com elementos de música ibérica e da música andina, San Vicente tem versos oníricos condizentes com o tom da fábula em que José Vicente narra a saga existencial de família que migra do sertão de Minas Gerais, mais especificamente da interiorana e fictícia Ventania, para a cidade grande. A poesia dos parceiros letristas de Milton, notadamente Fernando Brant (1946 - 2015) e Ronaldo Bastos, sublinha os sonhos, os anseios e o sabor de vidro e corte que fazem pulsar os corações americanos da família formada por pai, mãe repressora e cinco filhos que querem voar.
O patriarca, Pedro Fogueteiro ( Rodrigo Ferrarini), é músico que alimenta o sonho de encontrar nova clave musical. Já a mãe, Adélia ( Rosana Stavis), simboliza a repressão que impede os voos e castra os sonhos, sobretudo os dos filhos, em trama mais fantástica do que realista em que o dramaturgo discutiu liberdades sexuais, religiosas e ideológicas em tempos ditatoriais.
Há humor, sobretudo no tom intencionalmente afetado do gay Valente ( Cesar Mathew), mas há também densidade, evidenciada quando Rosana Stavis sobressai como intérprete ao dar voz, com emoção, a Um gosto de sol (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972), música do emblemático álbum duplo Clube da esquina (1972), do qual Gabriel Villela pesca pérolas como Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) - ouvida em citação instrumental do inconfundível arranjo do maestro Wagner Tiso - e O trem azul (Lô Borges e Ronaldo Bastos, 1972).
A delicadeza da encenação de Gabriel Villela é valorizada pelo repertório de Milton Nascimento, encaixado com perfeição no texto. Até parece que músicas como Caçador de mim (Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá, 1980) e Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) - outro solo de Rosana Stavis na pele da matriarca Adélia - foram feitas para sublinhar as angústias, as chegadas e as partidas dos membros daquela família, que se (des)encontram em lugares externos ou em recônditos invioláveis da alma humana.
Enfim, com a música atemporal de Milton Nascimento, Gabriel Villela consegue revitalizar Hoje é dia de rock, texto que põe em cena a figura do cantor norte-americano que simboliza o nascimento do rock, ELVIS PRESLEY (1935 - 1977). Uma obra da contracultura que, inclusive por conta desse contexto original, poderia até soar datada nas mãos de encenador sem a personalidade forte deste mineiro de alma barroca, mas não soa porque, tanto na música de Milton Nascimento como no teatro de Gabriel Villela, os sonhos nunca envelhecem.

Este espetáculo abre a celebração dos 50(cinquenta) anos do Teatro Ipanema (1968-2018).

Autor: José Vicente
Direção, Cenografia e Figurinos: Gabriel Villela
Diretor Assistente: Ivan Andrade
Direção Musical, Arranjos e Preparação Vocal: Marco França
Aderecista e Assistente de Figurinos: José Rosa
Iluminação: Wagner Corrêa
Operador de Iluminação: Marcos Euclides
Projeto Gráfico: José Vitor Cit
Arranjo de Trenzinho Caipira/Desenredo: Ernani Maletta
Elenco: Rosana Stavis e Rodrigo Ferrarini, Arthur Faustino, Cesar Mathew, Evandro Santiago, Flávia Imirene, Helena Tezza, Kauê Persona, Luana Godin, Matheus Gonzáles, Nathan Milléo Gualda, Paulo Henrique dos Santos e Pedro Inoue.
Músico instrumentista: Marco França
Diretor Produção: Áldice Lopes e Diego Bertazzo Cruz
Produção Executiva: Jorge Schneider
Credito Fotos: Vitor Dias

02 a 19 de março de 2018
quintas a segundas-feiras às 20h30
R$ 50,00 (inteira) - R$ 25,00 (meia) - R$ 10,00 (lista Amiga)
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Teatro Ipanema

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